Revista Pardo

História da minha Terra

Desde que me conheci por gente, convivi com contador de histórias de assombração. Na minha época de criança não tinha televisão e a moda era ouvir aquele rádio de ondas curtas que só pra esquentar levava um tempão!

Um programa que era obrigatório era o programa do Pedro Geraldo Costa, na rádio Nacional. Começava com uma oração e depois era a bênção do Padre Donizetti. Ao lado do rádio era colocado uma vasilha com água, que após a bênção todos que ali estavam, tinha que tomar um gole da água, agora benta.

Depois da bênção, vinha a rádio novela com o Juvencio, o Herói do Sertão, e depois vinha a Voz do Brasil. Por fim, tinha o programa com o locutor Edgar de Souza, com várias duplas de músicas sertanejas raiz, boas mesmo. E ali, na colônia da Serrinha, em frente à casa do Sr. Augusto Graciute e da casa do Sr Lazinho Primo.

Lá tinha vários bancos onde nós, crianças, ficávamos, umas brincando de passar anel, lenço atrás e pique-esconde e outras brincavam de Bita. As únicas que não brincavam eram a Zezinha do Pinga Fogo, a Dita e a Inácia do João Luiz e a Fiica do Zé Moisés e as meninas do Zé Eduardo, que moravam mais no final da Colônia do Carrapato. Mas todo dia elas apareciam.

Só que não era pra brincar e sim ouvir histórias. Todas tinham medo de ir embora sozinhas, por causa do caixão que sempre aparecia ali no trio do cafezinho entre as duas colônias. E mesmo sabendo e tendo medo, todas as noites lá estávamos nós para ouvir histórias de assombração.

Joao Pereira Vidal

Joao Pereira Vidal

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