Revista Pardo

Lagoa Sinistra

Hoje me lembrei dos casos e histórias que os meus amigos Tião Terra e Sr. Manoel, ambos já falecidos, que moravam ali pras banda da seção da Fonseca e sítio do Horácio; e do Miguel Salim, que às vezes passava uns tempos em Serra azul  e também costumava de vez em quando ir passar uns tempos na cidade de Santa Cruz da Esperança.

Nessa época, meu pai resolveu drenar uma várzea ali abaixo dos cinquenta alqueires, uma gleba de terra que pertencia a Fazenda Amália. Meu pai morava em uma casa que estava desocupada, onde fazia suas refeições, e o Tião Terra e Sr. Manoel davam uma mão na abertura das valetas dos drenos para poder semear o arroz.

Depois do serviço, à noitinha, os dois amigos sempre iam pescar traíra, que era o que mais dava, além dos acarás. Certa tarde, os amigos foram pescar, como sempre. Como fazia muito calor, eles começaram a pegar até enguia .

De repente,  um barco apareceu no meio da Lagoa e nele tinha dois pescadores com capas pretas e  chapéu de palha que não deixava ver seus rostos. Isso se tivessem rostos. Dalí em diante, todos os peixes que o Tião Terra e Sr. Manoel fisgavam os pescadores embarcados tiravam e soltavam na Lagoa, deixando os amigos intrigados…

O Tião Terra então falou pro Sr. Manoel:

 Ei, você não é macumbeiro? dá uma lição nesses dois!

Quase não deu tempo de terminar a fala.  Começou um vendaval danado, que as águas começaram a fazer ondas altas, o que fez os amigos pegarem suas tralhas e rumarem pra casa onde meu pai estava esperando os peixes pra mistura.

Ao chegarem, meu pai indagou:

Uai, parece que viram fantasma!

E  eles falaram, juntos:

Além atrapalhar a pesca, ainda levaram nossa cachaça…!

 

Por Pofi.

QUALQUER SEMELHANÇA COM A VIDA REAL É PURA COINCIDÊNCIA.

Imagem destaque da matéria: Canva

Joao Pereira Vidal

Joao Pereira Vidal

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