O Campus da USP de Ribeirão Preto recebeu O Núcleo de Terapia Avançada (Nutera), com o desenvolvimento de um tratamento inovador e altamente eficaz contra alguns tipos de câncer de sangue, como linfoma e leucemia linfoide aguda. O espaço foi inaugurado no último dia 20 de junho, com o objetivo de levar os recursos mais avançados contra o câncer para pacientes brasileiros através do Sistema Único de Saúde – SUS.
As instalações incluem laboratórios de controle de qualidade, salas de criopreservação, salas de produção de vírus, salas limpas de produção de células CAR-T, salas de preparo de meios e soluções e áreas destinadas ao armazenamento do produto final e dos insumos em tanques criogênicos.
O programa é uma iniciativa do Instituto Butantan, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e do Hemocentro de Ribeirão Preto, com o apoio do governo do Estado de São Paulo.
O primeiro voluntário, que recebeu o tratamento experimental há dois anos, alcançou a remissão total de um linfoma em estágio terminal. Outros pacientes que optaram pelo tratamento também tiveram remissão, informou o Governo do Estado.
Segundo o diretor científico do Hemocentro de Ribeirão Preto e docente da FMRP-USP, Rodrigo Calado, o núcleo é o resultado de anos de investimento em pesquisa científica e em pessoas, tanto pesquisadores quanto médicos, na área de terapia celular. O laboratório poderá criar um novo polo de biotecnologia na cidade, com relevância internacional.
“O Nutera permitirá a produção de células para diversas terapias celulares, tanto contra o câncer quanto terapias genéticas de correção de doenças hereditárias e outras terapias celulares. Essa produção é pretendida para oferecer tratamento eficaz para pacientes do SUS com qualidade”, explica.
Calado detalha que as pesquisas desenvolvidas até agora permitiram o desenvolvimento de diferentes terapias celulares, como as células CAR-T e células-tronco modificadas para o tratamento de doenças hematológicas.
“Há uma série de novas células e processos em desenvolvimento com parceria de pesquisadores de diversos centros do mundo”, ressalta.
Como funciona a terapia
De acordo com o Instituto Butantan, a terapia celular CAR-T se inicia no hospital, com a coleta do sangue do paciente para o isolamento das células T – uma das células de defesa do organismo ou linfócito. No laboratório, após passarem por um processo de ativação, essas células são geneticamente modificadas por meio de um lentivírus, um organismo reprogramado que é capaz de se associar à célula humana e combinar seus materiais genéticos.
Com a nova informação genética associada a elas, as células T se tornam CAR-T e passam a expressar receptores de antígenos quiméricos específicos, que reconhecem as células tumorais singulares ao caso do paciente. As células do sistema imune são ativadas em laboratório e, uma vez no organismo do paciente, elas se multiplicam e vão destruir o tumor.
Todo esse processo, desde a coleta, modificação das células e aplicação no paciente, pode durar em torno de 60 dias. Além disso, o instituto informa que as vantagens dessa terapia são a redução do uso de remédios para a dor, a diminuição da necessidade de sessões de quimioterapia, a possibilidade de remissão total ou parcial do câncer e a produção nacional para permitir a inclusão no SUS.
Com informações de Revide