Revista Pardo

Uma carta de agradecimento

O ano é 1999. Fevereiro, em algum dia pós-carnaval. Meu pai me acordas às 7h da manhã, dando um “tapão” na porta do quarto. Acordei assustada, com ele falando:

“o tio Dai acaba de ligar, seu nome tá no jornal, você passou no vestibular da Fuvest”.

Pulei da cama na hora, que nem um raio!

Como assim? Meu nome na lista dos aprovados no jornal Folha de São Paulo? Hoje, os jovens devem até estranhar essas palavras, mas naquela época era assim, pelo jornal que a gente ficava sabendo se tinha sido aprovado no vestibular. A internet recém engatinhava naquela época.

Corri pra cama dos meus pais e ficamos lá conversando, felizes com a minha conquista. Na minha mente eu só pensava: meu nome. No jornal. Vestibular da Fuvest. Nossa! Aquela emoção indescritível de dever cumprido, que sensação boa!

E então pensei nela…

Querem saber em quem? Naquele momento tão feliz da minha vida, eu pensei na “tia” Leninha, minha professora do 1º ano, que me ensinou a ler e escrever! Como não pensar nela? Se eu estava ali, vivendo aquele momento, era por causa dela, que me ensinou a desenhar as primeiras letrinhas, a escrever e ler meu nome. Nunca a esqueço, do seu amor, empenho e dedicação. Ela me chamava de “agarradinha”, de tanto que eu a amava e ficava grudada nela. E eu tenho certeza que ela me amava de volta. Não só a mim, mas todos os seus alunos.

Então, naquele ano de 1999, resolvi escrever uma carta para ela. Não me lembro bem das palavras, já faz mais de 20 anos, mas eu agradeci por tudo o que ela me proporcionou e disse que só havia chegado onde cheguei por causa dela. Não sei exatamente como ela reagiu, já havia me mudado para estudar quando a carta chegou a ela, mas minha mãe, Estela, disse que ela ficou feliz e queria mostrar a cartinha para todo mundo. Acho que ela gostou. Se sentiu valorizada. Sentiu que fez a diferença na vida de alguém.

Sinto tanto que ela já faleceu e não podemos conversar sobre esse momento! Sempre me emociono muito ao pensar nesse dia, na carta e nela. Estou escrevendo essas palavras com a vista embaçada.

Hoje, dia 15 de outubro, é comemorado o Dia do Professor. Então aqui fica a minha homenagem a ela e a todos esses guerreiros que não desistem, que estão na luta diária, tentando fazer desse país, um país digno para se viver. Vocês merecem todo respeito e admiração!  E se eu posso dizer algo é: não desistam!

Parabéns pelo seu dia, tia Leninha!

Parabéns, professores!

P.S.: o nome da tia Leninha é Luzia Helena Menta Monici

Foto destaque da matéria: Tia Leninha e eu, na formatura da 1º ano.

Lilian Queiroz

Lilian Queiroz

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